Fruto exótico em sua origem africana, o café se tornou um produto cobiçado, sinônimo de luxo e elegância
Escrito por: Ana Luiza Martins
“Segure uma xícara exalando o aroma de um bom café e você estará com a História em suas mãos!” Não há exagero neste ditado. Um simples gole dessa bebida estimulante nos leva a uma imensa cadeia de produção, embalada em muita aventura e ousadia, e ao exotismo do Oriente. O conteúdo renovador desta infusão transformou-a na segunda bebida mais consumida no mundo, só perdendo para a água.
Sua trajetória do Oriente para o Ocidente é narrada por meio de histórias fantásticas, disputas ferrenhas, consagrando a bebida como um dos motores da sociedade moderna. O milenar percurso de suas sementes, que atravessaram continentes e mares, faz lembrar o lugar onde tudo começou. A fruta vermelha que nasce da flor branca do pé de café foi descoberta por volta do ano de 525 no interior da Etiópia.
Já a primeira referência alusiva ao uso comestível do café está em manuscritos do Iêmen, de 575, que revelam a Lenda de Kaldi. Reza a lenda que um pastor de cabras da Etiópia observou o efeito excitante que as folhas e os frutos de determinado arbusto produziam em seu rebanho. Os animais que mastigavam a planta subiam as montanhas com agilidade e apresentavam mais resistência. Kaldi experimentou seus frutos, confirmando os dotes estimulantes, e seu consumo se disseminou pela região.
Os etíopes se alimentavam de sua polpa doce, por vezes macerada, ou misturada em banha, para refeição. E produziam um suco que, fermentado, se transformava em bebida alcoólica. As folhas também eram mastigadas ou utilizadas no preparo de chá. A infusão do fruto – quando se mergulha em água fervente uma substância para obter dela outra –, porém, ocorreria mais tarde, a partir do ano 1000, com as cerejas fervidas em água, para fins medicinais. Mas a bebida só adquiriu forma e gosto como a conhecemos hoje no século XIV, com a torrefação. (...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário